Não consigo entender como há quem defenda a permanência de Passos e Portas ao leme do país. Ora, conforme Wolfgang Schäuble afirmou recentemente, o governo PSD/CDS apoiou o alemão em toda a linha, no seu intento de empurrar a Grécia para fora do euro em condições muito desfavoráveis (sem reestruturar dívida, por exemplo).
Ora, sabendo que a seguir seriam expulsos os restantes “PIGS”, não admira que Espanha, Itália e Chipre se tenham oposto a tal intento. O que é estranho, isso sim, é que Passos Coelho tenha apoiado Schäuble quando sabia que se a Grécia fosse expulsa e a “experiência” resultasse (para o lado alemão), Portugal iria pelo mesmo caminho logo de seguida.
Entretanto, depois de uma vitória eleitoral que, por défice de capital político do PàF se revelou inconseguida, vem agora a coligação agitar com o papão de que apenas o seu governo pode obstar à saída de Portugal do euro. O que de facto quer o PàF é salvar certas elites económicas nacionais, sumamente enfraquecidas por inconseguimentos próprios durante os processos de globalização e de adesão ao euro. Socorrendo-se agora do medo e da chantagem, não importa a essas elites que Portugal fique ou saia do euro; o que lhes interessa é que o tuga, de uma ou de outra forma, continue submetido à austeridade.
Passos Coelho e Paulo Portas não têm, de facto, credibilidade para continuar a governar.